Desafios e perspectivas na geração de negócios para mulheres advogadas (parte 2)
Confira a continuação da cobertura do recente painel sobre um tema que precisa ganhar mais destaque nas conversas do mercado jurídico, além de ações amplas e concretas.

No artigo anterior sobre o painel realizado no dia 4 de dezembro, em São Paulo, durante o tradicional evento Legal Marketing Congress Brazil, cobri o primeiro bloco, sobre os desafios da mulher advogada na geração de negócios (o BD). Se ainda não leu, recomendo, até para ter o contexto do evento e, especialmente, do nosso painel 😊
No presente artigo, continuo — e finalizo — os “melhores momentos”, abordando o segundo bloco do painel, dedicado às perspectivas para as mulheres advogadas que precisam desenvolver mais e melhores negócios em um mercado que ainda precisa evoluir muito em termos de equiparação real de oportunidades entre os gêneros. Vamos lá?
BLOCO 1: OS DESAFIOS DA MULHER ADVOGADA
Só reforçando, a cobertura do primeiro bloco está disponível no seguinte artigo:
BLOCO 2: PERSPECTIVAS PARA A MULHER ADVOGADA
A conversa seguiu para a sua segunda e última rodada com a Glacia Lauletta Frascino, sócia que atua na área Tributária do Mattos Filho. Glaucia relembrou um evento anterior do qual participou, que contou com a presença da empresária Luiza Trajano, que enfatizou repetidas vezes que o momento é das mulheres e que elas precisam ocupar mais espaços no mercado.
Continuando, ela destacou o avanço do assunto diversidade e inclusão, em todos os seus recortes, que tem sido tratado com muito mais atenção e prioridade do que no passado. São amplas as discussões sobre gênero, raça e orientação sexual, dentre outros, nos ambientes de trabalho, o que fica ainda mais claro nos estudos de afinidade realizados pelos principais escritórios brasileiros.
Inclusive, no dia seguinte ao painel — 5 de dezembro —, foi lançada oficialmente a Aliança Jurídica pela Equidade de Gênero, propondo uma agenda mínima de diretrizes para “promover a equidade de gênero no mercado jurídico, inclusive por meio do aumento do percentual de mulheres na alta liderança”. São 10 diretrizes propostas — confira um material objetivo sobre a iniciativa —, sendo que uma delas é explicitamente relacionada ao BD:
Glaucia ressaltou o quanto a sociedade está muito menos tolerante com atitudes inadequadas e preconceituosas com as mulheres. Ainda são muitos os vieses inconscientes (ou nem tanto) enfrentados pelas mulheres no dia a dia, como, por exemplo, o de que mulheres não tem capacidade para ocupar espaços de liderança — assunto abordado no primeiro bloco —, mas ela acredita que a sociedade seguirá cada vez menos tolerante, o que é bastante positivo.
Ela também chamou atenção para uma perspectiva extremamente interessante: no final do dia, o número de mulheres fazendo negócios só aumenta, tanto nos escritórios como, principalmente, nas empresas. Do ponto de vista da mulher advogada/sócia, que precisa gerar negócios, isso é uma tremenda vantagem competitiva que deve ser ampla e positivamente explorada. Os desafios são muitos, mas existem vários caminhos e possibilidades!
Por fim, Glaucia comentou sobre a importância das mulheres darem o seu melhor no processo de equilibrar os muitos “pratinhos” com os quais precisam lidar no dia a dia. Dificilmente será possível ter perfeição em tudo, mas é preciso procurar “ser a sua melhor versão” nos seus vários contextos diários, especialmente em casa, junto à família, ou no escritório, lidando com as muitas demandas concorrentes.
Faz sentido para você? Use o campo de comentários ao final para registrar suas ideias!
Renata Rothbarth, sócia do Machado Meyer que atua na área de Life Sciences, concordou com os pontos levantados pela Glaucia, destacando que realmente foram muitos os avanços, mas, ainda assim, estamos muito atrás nas questões de gênero — o que definiu como uma verdade universal: o desequilíbrio é grande e precisa ser corrigido.
Nesse sentido, ela sugeriu seguir com a crescente abordagem ao tema, mas sempre sob um viés muito pragmático, para avaliar — considerando os números dos escritórios e dos coletivos — qual é a realidade de cada um, reconhecer as diferenças e especificidades existentes e, acima de tudo, contar com as mulheres que já estão em posições de liderança para ajudar outras a chegarem lá.
Em outras palavras, as mulheres que hoje ocupam cargos de lideranças em escritórios tem a responsabilidade de ajudar as que estão no caminho, principalmente em termos de evitar — ou pelo menos minimizar — determinadas situações pelas quais tiveram que passar ao longo de suas carreiras.
Ainda que seja uma responsabilidade também dos escritórios, é uma responsabilidade sobretudo das mulheres atualmente em cargos de liderança — e com a devida capacidade para influenciar o seu entorno positivamente —, pois é isso que vai ampliar a diversidade, a representatividade, a equiparação de gênero, raça e todos os demais aspectos que buscamos no campo da diversidade.
Por fim, Renata ressaltou que é uma construção diária, mas que definitivamente é uma construção conjunta.
E no seu escritório, como vocês estão lidando com essa questão? Se quiser e puder compartilhar, use o campo de comentários ao final.
Fechando a rodada, Mayara Sant’Anna, associada sênior que atua na área Trabalhista do Veirano, inclusive com questões de D&I e ESG, reforçou o ponto levantado pela Renata de que as mulheres que lideram tem a responsabilidade de garantir que as mulheres que ainda estão buscando seus espaços nos escritórios trilhem caminhos mais favoráveis.
Indo além, ela ressaltou a importância do constante e crescente debate em torno da diversidade e inclusão — ênfase na equidade de gênero —, em prol de trajetórias de carreira menos tortuosas para a mulher advogada, sem a necessidade de abrir mão de tantas coisas, principalmente da saúde mental.
Mayara enfatizou o desafio de trabalhar em grandes estruturas. Ao mesmo tempo em que é preciso trabalhar bastante e bater metas, é preciso também lidar com muitos medos e dúvidas sobre aspectos de carreira e liderança, por exemplo. Ainda assim, ela segue otimista, pois viu muita coisa mudar ao longo de sua carreira, assim como presenciou muitas mulheres serem promovidas à sociedade.
Ela ressaltou também que muitos escritórios já possuem metas específicas sobre número de mulheres em cargos de liderança — sócias advogadas, principalmente, no caso dos escritórios —, um ponto promovido pela recém-lançada Aliança Jurídica pela Equidade de Gênero, mencionada pela Glaucia em sua fala.
Para Mayara, as perspectivas para o futuro são ainda melhores e eu só tenho a concordar!
De acordo com essa linha de raciocínio? Registre seus comentários ao final e vamos debater esse importante tema!
Fechei o segundo bloco totalmente alinhado com os pontos ressaltados por Glaucia, Renata e Mayara — não poderia ser diferente, pois todos foram pontos extremamente pertinentes — e apresentei algumas informações complementares:
A questão das mulheres em cargos de liderança tendo a responsabilidade de ajudar as mulheres que ainda não chegaram lá me lembrou a história do “irmão do meio” — acho que contaram num curso da Perestroika que eu participei lá por volta de 2020. Nela, o irmão do meio teria a oportunidade (única) de tratar o irmão mais novo de uma forma diferente e mais positiva em relação à forma como ele foi tratado pelo irmão mais velho, caso o contexto não tenha sido lá tão favorável.
Chamei a atenção para o fato de que o público do evento estava bem equilibrado entre homens e mulheres e que o Marketing+BD jurídico é uma profissão tradicionalmente dominada por mulheres. Tenho a percepção de que é assim no Brasil e, principalmente, lá fora. Lembrei da primeira vez em que participei da conferência anual da Legal Marketing Association em 2006, nos EUA, especificamente de uma programação pré-evento que deve ter tido entre 500 e 600 participantes, a grande maioria mulheres — acho que mais de 80%!
Sobre coletivos e iniciativas similares em prol das mulheres no mercado de trabalho, destaquei o SER.A.CEO, movimento iniciado para demonstrar ao mercado jurídico que ele pode, e deve, oportunizar às mulheres acesso igualitário a posições de liderança e comando nos escritórios de advocacia. Um formulário de inscrição está disponível para as advogadas interessadas.
Além de um artigo que escrevi anteriormente sobre mulheres advogadas e BD — Os desafios do desenvolvimento de negócios para as mulheres advogadas —, recomendei também o artigo Um jeito diferente de empreender, escrito pela Glaucia. Artigo excelente, com muitas dicas práticas, recomendável não só para as mulheres advogadas, mas também para os homens. Fica a dica 😉
Por fim, descrevi para o público presente o slide abaixo, que tenho usado em projetos de consultoria em BD. Fala-se muito em zona de conforto, que precisamos sair dela e tudo o mais, sem falar na conotação negativa usualmente atribuída ao termo, mas penso que faz mais sentido falarmos em (zonas/áreas de) identidade — com que práticas (de BD) nos identificamos mais a ponto de usá-las regularmente em nosso dia a dia? E mais, aquilo que para nós pode ser bem fácil pode, em contrapartida, ser bem difícil para outra pessoa e vice-versa. Para tanto, é só ver como os diferentes conjuntos de círculos concêntricos (de identidade) se cruzam no slide, sem falar na brincadeira com “E > OU” — ou seja, não existe uma única forma (correta) de gerar negócios, para manter o foco da nossa conversa exclusivamente em BD. É claro que devemos buscar ampliar nossos horizontes sempre que possível, mas no nosso tempo e sem pressões desnecessárias. De acordo?
O saldo geral do painel foi bastante positivo e espero ver debates similares ganhando espaço em edições futuras do Legal Marketing Congress Brazil e demais eventos do nosso mercado, bem como em outras frentes internas e externas aos escritórios de advocacia. Vamos juntos?
E você, gostou da cobertura do painel? Use o campo de comentários ao final e vamos conversar!
Se você gostou deste artigo, o melhor elogio que eu poderia receber seria você compartilhá-lo com um(a) amigo(a) ou colega de trabalho que possa se beneficiar das informações apresentadas 😊
Obrigado pela leitura,
Marco Antonio Gonçalves ☕️🏴☠️🚀
Facilitador de novos horizontes na /betwixt/
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Gostaria de aprofundar a conversa sobre desenvolvimento de negócios e demais temas tratados no artigo? Se for do seu interesse, podemos:
COLABORAR na construção de um processo de geração de negócios para o seu escritório ou grupo dedicado, como práticas jurídicas, práticas de indústria ou iniciativas multidisciplinares (“Jornada Novos Horizontes: BD”)
TREINAR o time de advogados do seu escritório para identificar oportunidades e gerar novos negócios (“Treinamento Novos Horizontes: BD”)
DIRECIONAR estrategicamente o Marketing+BD jurídico do seu escritório, por meio de um processo sob medida para as suas demandas atuais (“Liderança”)
CONVERSAR individualmente sobre Marketing+BD jurídico, no seu tempo, com objetividade (“Insight”) ou profundidade (“Mentoria”)
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